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Neste último fim de semana, fui a um casamento em Las Vegas. Uma colega do curso de produção (natural da Carolina do Norte) ia se casar com um espanhol e decidiu – sabe-se lá porque – casar-se em Las Vegas, em um fim de semana em que 70% dos alunos estavam filmando. Felizmente, não era um desses alunos e pude comparecer ao evento.
A noiva aluga uma van para que possamos sair do AFI logo após a aula da manhã e chegarmos a tempo para a despedida de solteiro. É claro que decidem marcar uma palestra com Aaron Eckhart até às 6h da tarde, o que acaba com nossos planos. Já são quase 9h da noite quando deixamos Los Angeles rumo à excêntrica cidade de Las Vegas.
Chegamos por volta das 2h da manhã. Alguns bares e cassinos depois, estávamos caídos em nossas camas. O casamento é no dia seguinte às 2h30 da tarde. Logan (que dividia o quarto comigo) e eu perdemos a van e temos que chegar ao local da cerimônia de táxi. O taxista, é claro, não tem o inglês mais compreensível do mundo.
- Vão pra onde?
Damos o endereço.
- Não conheço.
Olho pro Logan. E agora? Um funcionário do hotel se aproxima. Explicamos a situação, ele tenta ajudar o taxista.
- Ih, esse lugar é longe… Acabei de explicar pra outro motorista como chegar lá. Você segue atééééé o Sahara, vira à direita na Bufalo, vai em frente, passa o lago e vira a segunda à esquerda.
- Direto até o Sahara, depois…?
Olho para o relógio. Temos 20 minutos. Logan acessa o mapa no celular e seja o que Deus quiser! Exatos 20 minutos e 35 dólares depois, chegamos ao local. E cadê a van? Nada do pessoal. Sem dúvida se perderam. Não seria o fim do mundo, não fosse o fato de que o cerimonialista – que também é aluno do AFI! – estar na van.
Minutos depois, chegam todos, esbaforidos. Sentamos nas cadeiras em frente ao lago. Cadê os outros convidados? Não tem. Somos só nós. Legal!
A cerimônia começa. Começam também os latidos dos cachorros, os aviões e, é claro, todos os tipos de embarcações que passeiam pelo lago.
Algumas horas mais tarde, estamos no sexagésimo quarto andar do hotel Trump para o jantar. A vista da cidade é impressionante. De um lado, uma imensa chapada, onde é difícil saber o que é deserto e o que são casas. Do outro, imensos hotéis, perdidos no meio do nada. Dentro do hotel, muita comida, muita bebida e muitos banheiros em uma suíte de US$3.800 por noite.
Todos relativamente comportados, partimos para a terceira parte do evento: um “after-party” na boate do hotel Wynn. Vamos à pé. Noivas atravessando a rua, dia ou noite, é uma imagem completamente normal em Las Vegas.
Lá pelas 11h da noite, o espírito da cidade já tomou conta dos convidados, e nem todos conseguem lidar muito bem com o generoso amigo chamado open bar. Entre eles, Logan.
À uma da manhã, um segurança calmamente se aproxima de mim:
- Acho que seria bom você levar seu amigo embora, senão vamos ter que tomar providências.
Parecia uma tarefa fácil. Ha-ha.
Entre gritos de “Eu odeio o mundo!” e “Eu te amo, cara!”, arrasto Logan pra fora da balada, atravesso o cassino e chego até a porta do hotel. Os táxis – enfim! – estão logo ali. Mas Logan foge de mim.
- As pessoas estão aqui dentro…
- Eu sei, cara, mas a gente precisa ir embora!
Minutos de diálogo… e nada. Tento arrastá-lo para o táxi, ele fica violento. As pessoas na fila do táxi adoram o show. Logan se diverte me dando joelhadas e cotoveladas, enquanto a plateia tira fotos e torce para um de nós. Os funcionários, já vacinados, assitem a tudo sem exaltação. “Mais um…”
Com a promessa de que o levaria para um lugar “com pessoas”, e não para o hotel, consigo arrastá-lo para dentro do táxi – e também convencer a fila de que preciso passar na frente de todos antes que ele me nocauteie.
Às 10h da manhã – após uma madrugada inteira explicando ao Logan de que o banheiro não era o lugar mais apropriado para dormir – é hora de partir. No elevador, é difícil identificar quem está bêbado e quem está de ressaca. O mesmo ocorre no cassino, na rua, no Starbucks e em qualquer lugar onde haja seres humanos.
Na van de volta, comentários, troca de fotos da noite anterior e, é claro, trânsito.
Depois de dois dias intensos em Las Vegas – que, honestamente, acho que são suficientes – e mais sete horas de estrada, chegamos em casa…
Pela primeira vez desde que cheguei a Los Angeles, tenho a sensação de que estou, de fato, EM CASA. E também, pela primeira vez, me dou conta de que, em breve, vou sentir falta dessas pessoas, que de “colegas do AFI”, sem que eu perceba, vão se tornando grandes amigos.
What happens in Vegas… lasts for a lifetime.