Eu nunca gostei muito de cachorro. Minha mãe sempre teve um pouco de medo de cães e por isso sempre tivemos gato em casa. Sempre defendi os gatos: são independentes, tomam banho sozinhos e desde que tenham livre acesso à rua fazem suas necessidades sem qualquer auxílio.
Quando mudei de um apartamento nas proximidades de Hollywood para uma casa no subúrbio, Logan, meu roommate, sugeriu adotar um dos filhotes de sua Golden Retriever que daria cria em breve em sua cidade natal. Resolvi dar uma chance ao suposto melhor amigo do homem e algumas semanas depois fui apresentado a Lebowski, uma bola de pelos de apenas quarenta dias. Impossível não se apaixonar por aquele ser com patinhas quase do tamanho da cabeça que não conseguia descer escadas.
Já no primeiro mês com meu novo roommate canino, Logan foi viajar e tive que cuidar de Lebowski por um fim de semana. Foi naquele fim de semana que ele teve diarreia juntamente com uma crise de vômito. Às três da manhã. Como se retribuísse meus cuidados, algumas semanas depois, quando passei por uma cirurgia que me deixou de molho por algum tempo, Lebowski começou a correr para o meu quarto todas as manhãs, logo que acordava, para me dar bom dia.
No início deste ano, Lebowski foi castrado – como exige a lei em Los Angeles –, ficou com um hemotama gigante e precisou de cuidados especiais. Quando vi aquele bichinho indefeso cheio de curativos e com aquele protetor em volta do pescoço decidi que deixá-lo dormir na minha cama não seria assim o fim do mundo. Era minha vez de retribuir.
Os meses foram passando, Lebowski foi crescendo, aprendendo novos truques, destruindo todos os seus brinquedos e pulando freneticamente em cada pessoa nova que aparecia em casa para uma visita. À essa altura, Lebowski já era um grande amigo que tirava sonecas no chão fresquinho do meu banheiro nas posições mais bizarras; um amigo cujos pelos na minha colcha já não incomodavam mais. Um amigo que me fez achar os gatos um tanto quanto monótonos.
Na semana passada, após me despedir das centenas de amigos que fiz nos últimos dois anos, tive que dar o “até logo” mais difícil àquele companheiro que não sabia que aquela era a última vez que me via – pelo menos por um tempo.