terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Diários de motocicleta - parte 1


Los Angeles sempre foi conhecida como uma cidade onde é imprescindível ter um carro. O corpo docente do AFI confirma a teoria – mas sempre lembrando que há poucas vagas no estacionamento do campus!
Antes de tomar qualquer grande decisão em relação a meios de transporte, resolvo comprar uma bicicleta, na esperança de percorrer diariamente os 5 km que separam a minha casa e o AFI – estrategicamente posicionado no alto de uma interminável colina. 
Tento enviar uma solicitação para o “bilhete único” estudantil à empresa de ônibus, juntamente com toda documentação necessária, foto e um cheque de US$1.00. Ainda aguardo resposta.
 
Depois de muita – MUITA! – indecisão, resolvo comprar uma scooter. Mamãe ficou bem feliz. Tento explicar que o super-veículo atinge a exorbitante velocidade de 50 km/h (na descida), e que o trânsito aqui é bem diferente da loucura de São Paulo. Mas acho que foi em vão.
Não preciso nem me preocupar em como me desfazer da bicicleta, uma vez que ela é roubada na semana seguinte – de dentro da gargem do prédio.
Motoca na mão, falta tirar a carteira de motorista. Faço a prova escrita e só com isso já tenho um permit que me autoriza a dirigir durante o dia. Como tenho aulas à noite, agendo a prova prática o mais rápido possível para poder, enfim, não depender mais de caronas ou do imprevisível sistema de transporte público.
Três semanas e duas voltinhas em volta de cones depois, já tenho o protocolo em mãos. A atendente do DMV (algo como o DETRAN daí), está confusa:
- Você não vai marcar a prova prática com o carro?
- Eu não tenho carro.
Silêncio.
- Mas para ter a carteira de motorista você precisa fazer a prova com o carro. Você pode agendar pela internet.
- Eu não posso dirigir a moto só com esse protocolo?
- Hum… Até pode, mas você precisa vir renovar esse papelzinho aqui pessoalmente de 2 em 2 meses.
Bacana!
- E o que eu preciso para fazer a prova?
- Você precisa vir com um carro em perfeitas condições de segurança, registrado, segurado e acompanhado de um motorista com carteira de motorista da California. 
Ah, tá.
- OK, vou pensar, então.
Apesar de tudo, volto pra casa empolgado, afinal, agora posso dirigir a qualquer hora do dia. Até que minutos antes de estacionar, percebo que o farol da scooter – daqueles que não se acha pra vender em lugar nenhum – parou de funcionar. 
Tudo bem, o ponto de ônibus continua a duas quadras casa…